Como sobreviver na mente de um autor 7

Lars não se apaixonava há muito tempo. O preconceito de que os nórdicos são estóicos se aplicava a ele. Era um dinamarquês de bom coração acostumado com a frieza. Michael gostava de lhe perturbar e certa vez lhe disse: “Uma pessoa sem amor é uma pessoa sem vida”.
Ele se incomodou, mas não se deixou se abater. Não era inseguro, reparava em garotas, somente não flertava nem se envolvia. Era sozinho.
Um dia uma moça derrubou seus livros no metrô e Lars lhe ajudou a recolhê-los. Ele pensou “Talvez dessa vez faça diferente.” Chagaram à estação e foram ao café. Ele se mantinha calmo, mas sentia a tensão no ar. Conversaram; ela se chamava Louisa, gostava de café com licor, ele de frango à Kiev. No entanto, era manhã e ambos tinham que trabalhar. Ela saiu e ele, após um tempo, também.
Na rua, Lars a viu voltando em sua direção. Ele sorriu, e ela em sua frente falou em tom firme:
– Meu avô, antes de morrer, me disse: “Louisa, diga sim à vida!”. Pois então, esta agora, sou eu dizendo sim à vida.
Ela saltou sobre ele com um beijo e ficaram ali na rua, num momento de paixão. Ele com as mãos na cintura dela. Ela com a perna direita levantada, como nos filmes antigos. Foram para o apartamento dela, esqueceram do emprego, fizeram sexo e Lars se apaixonou.
Passados alguns dias, o relacionamento não deu certo e ele, rejeitado, ficou de coração partido. Porém, depois de Louisa, vieram Francine, Isabella, Martha… Amou uma depois da outra e as mulheres viraram seu vício; quando acabava era o fim e nunca haveria uma igual a anterior. Nessa montanha russa do coração é que Lars passou a viver. Sem escrúpulos, ele amava. Era um desses que se apaixonou por se apaixonar.

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